Sair da zona de conforto sem pensar muito.

O último sábado foi diferente. Foi passado em Coimbra. A última vez que fui a Coimbra também era sábado mas fui a trabalho, e antes disso era demasiado nova para me lembrar. Só sei que lá fui porque há algumas fotos a prová-lo. Desta vez a viagem foi a lazer.

Há umas semanas recebi um convite para descer o Mondego de canoa que, sem pensar muito, aceitei. Sou pouco dada a radicalismos. De qualquer forma e feitio. A minha ideia de desporto ou actividade física radicais resume-se a descer alguns escorregas mais compridos em parques aquáticos (o que acontece muito raramente, diga-se). Mas voltando a sábado... O dia começou bem mais cedo do que o habitual e às 9h30 já tínhamos chegado a Casal de Misarela.

Recebeu-nos uma manhã cinzenta e fresca e uma cidade ainda adormecida. Sem saber muito bem o que ia passar-se, aproveitei a espera pelos outros para dar uma espreitadela ao rio.

Vista sem grandes sobressaltos: quer o vento, quer a corrente do rio estavam calmos, como que ainda a dormir, e o silêncio apenas interrompido por um ou outro pássaro, ou por um carro que lá vai passando de quando em vez. O Restaurante "Mariazinha", com os seu dois clientes, lá nos recebeu para repor o nível de cafeína, tão necessário àquela hora. Mas o sossego acabou por ser interrompido, pelo menos o meu, e o pânico instalou-se em mim quando comecei a ouvir os outros (que entretanto tinham chegado) a falar em virar canoas e em atravessar rápidos. Sem querer dar um ar de fraca, pus o meu melhor sorriso amarelo, finquei a mão na cinta e permaneci em silêncio enquanto fitava os intrépidos aventureiros que faziam isto já pela terceira vez. Afinal, agora era demasiado tarde para voltar atrás. Enfim, a viagem lá seguiu. Depois de uma viagem de autocarro até um ponto mais acima no rio, cheia de curvas e curvinhas capaz de pôr à prova um estômago mais sensível, chegamos ao ponto de partida para a descida do rio.

E eis que nos fizemos à água. Grupos de dois em cada canoa, pagaia firme nas mãos, sol descoberto, protector solar factor 50, e... Mondego aí vamos nós!

A descida do rio acabou por ser bem menos conturbada do que imaginei. Uma paisagem deslumbrante e um tempo fabuloso ajudaram a fazer desta uma experiência a repetir.

A água fresca do rio lá ia servindo para refrescar as pernas, os rápidos, que eram só "rapidinhos", deixaram um sabor a pouco, e o grupo de pessoas com quem fui também ajudou: amigos e família numa boa disposição constante. A meio parámos para comer e beber água, e ao final de 4 horas, acabamos todos encharcados, fisicamente desgastados, mas com um sorriso rasgado.

O saldo acabou por ser bastante positivo, mas no final do dia não pude deixar de pensar que talvez não tivesse aceitado o convite se tivesse pensado mais um bocadinho. Percebi que se tivesse ponderado, teria deixado escapar uma oportunidade de fazer algo que nunca tomaria a iniciativa de fazer. Pensar demais pode ser contraproducente e às vezes não faz assim tão mal sairmos da nossa zona de conforto.

Mais informações sobre a descida do rio no site da GeoAventura.